Aos Quinze annos
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Amanhã, segunda-feira 5 de maio, entrará o nosso modesto jornalsinho no seu 15o anno de existencia. Muito felizmente, para o nosso orgulho em particular, a Alvorada VIVE HA 15 ANNOS.
Sublinhando o final da oração precedente, temos em mira sómente, sem aggravar a modestia em que sempre se tem mantido o nosso semanario, dizer nos unicamente, que atravez dessa marcha jornalistica, muitas pás de cal a Alvorada ha lançado em duzias de jornaes inclusive diarios, aqui da terra. E a mortandade de hebdomadarios, que surgirem d’ora avante, a trazerem o mesmo embaraço gastrico que tem victimado os demais, será um facto.
E sabem porque ? Simplesmente, porque um jornal mais precisa de leitores que engrossamentos ; porque, desgraçadamente, um jornal não se faz á bél prazer dos jornalistas, como erroneamente muitas pessoas, cultas aliás, julgam ser ; porque, a independencia dos labios tem demonstrado ser prejudicial á independencia de acção ; emfim, paraphraseando – os povos sempre foram os que fizeram os governos, e não estes áquelles.
Assim comprehendendo, a Alvorada, sem mesmo zombar dos mediocres, dos minimos, aos quaes ampara, encorajando-os, surda ao ladrar de pretenciosos lettrados, vive ha quinze annos. Os que tem procedido de modo contrario, lá jazem, alguns com meia duzia de edições apresentadas em fraquissimas tiragens.
O que é, o que tem sido e o que será a Alvorada ?
Ahi vae em resumo.
O mechanismo da Alvorada é o já popularizado, e sobre elle se tem movido durante esse tempo, com muita felicicidade e com muita tiragem de verdade. Basta dizer-se que a entrega desta folha, que percorre todos os recantos da cidade de Pelotas, é feita por 2 pessoas, aos sabbados e domingos, respectivamente das 12 ás 21 e das 4 ás 14 horas. Só no Fragata, Areal, Bôa-Vista, Cascata, Ramal, etc. a Alvorada visita, semanalmente, 826 casas ; no perimetro urbano, 1.124 ; para o interior do Estado, 303 exemplares ; em permuta assidua com collegas semanarios das principaes localidades do Brasil, 277. Não incluimos nestes algarismos á distribuição feita ás instituições de interesse publico, de varios estado do paiz.
São XV annos, vivendo ! “A Alvorada”, até o momento, não sofreu de convulsões de caracter grave nem gozou de convalecenças.
Fica, pois lançado o desafio a quem provar o contrario do que ahi ficou exposto.
Repetimos : XV annos, vivendo. Jornal semanario não se faz á sabor dos jornalistas nem dos litteratos ; e sim, a vontade do meio em que vê a luz.
Se no Brasil, segundo as estatisticas, 25% da sua população é considerada analphabeta, pedimos licença para dizer-mos que 50% é quasi, quasi… Dahi ficarem apenas 15 lettrados para cada 100 pessoas, o que occasiona essa mortandade espantosa na imprensa periodica.
No Rio, terra das revistas litterarias, muitas nascem e morrem sem padrinhos ! O que dizer de Pelotas ?
– Aos nossos gentis annunciantes devemos a commemoração festiva do nosso anniversario, aos quaes agradecemos do intimo ; e, se melhor cousa não apparece neste numero, a culpa não é inteiramente nossa, é culpar ao mechanismo, a engrenagem particular que move todos os jornaes.
O nosso anniversario
Não podiam ser mais significativas as demonstrações de sympathia, pela passagem de mais um anno de luctas, do nosso humilde semanario.
O nosso esforço, a nossa vontade, cada vez mais crescente, de conquistar a sympathia publica, teve com o anniversario d’A Alvorada, a sua confirmação, cuja confirmação nos vem trazer conforto e coragem para prosseguirmos de frente erguida a batalha em pról de progresso, procurando sempre cumprir fielmente, o nosso programma.
Apezar da época, cheia de peripecias, atravessando imprensa uma crise enorme devido ao preço da principal materia – o papel – a nossa folha não regateou sacrificios, e se apresentou em edição especial, tal a vontade e mesmo o auxilio dos srs. annunciantes, e ao esforçado corpo de collaboradores, a quem agradecemos sinceramente.
– Desde ás primeiras horas da tarde de domingo, á nossa redação foi affluindo grande numero de amigos e admiradores, que vieram cumprimentar-nos, pela data natalicia do nosso jornal.
Na Redação, recebendo esses cumprimentos se encontravam os nossos companheiros de trabalho dr. Durval M. Penny, Juvenal M. Penny, ALvaro Campos, Armando Vargas e demais auxiliares.
–Damos abaixo a lista das pessoas que nos enviaram cartões de felicitações, officios, cumprimentos pessoaes, presentes, etc. :
Bernardino Lameiro, Octacilio Borges Pereira, Heraclyto Chaves, Pedro Vargas, Adauto Marques, Alberto d’Oliveira ; cartões : do sr. Arthur Bonifacio da Silva, sra. Maria Delphina da Silva, senhorinha Felizarda Campos, senhorinha Maria do Rosario Ribeiro, senhorinha Maria M. Marques, sr. Adolpho Jacintho Dias e exma. familia, sr. Octavio Victoria da Silva ; presentes : da senhorinha Noemia dos Santos Belchior ; do sr. Victor Carvalho e exma. familia 1 bandeja de finos doces ; do sr. Domingos e xma. esposa d. Elvira Duarte ; da sra. d. Annita S. de Castro ; do sr. José da Rosa Teixeira e exma. senhora d. Maria Pinto Teixeira, 1 bandeja de doces ; Maria Izabel L. de Oliveira, Adão Rosa Dias, Irma Caldeira, Luiz Espirito Santo, Lourival do Nascimento, Cecy Santinha, Francisco e Heitor Ribeiro.
– Do sr. Heitor Duarte dos Santos, recebemos gentil officio de cumprimentos.
– Da secretaria da distincta e apreciada Sociedade União Operaria, assignado pelo seu esforçado secretario sr. João M. da Silva, recebemos bem traçado officio, que nós, desvanecidos agradecemos.
–Uma gentil comissão composta de graciosas jovens, do Bloco das Pérolas, esteve nesta redacção apresentando-nnos cumprimentos, pela passagem de mais um anno, do semanario.
– Ás 3 horas da tarde, quando nos encontravamos em agradável palestra, fomos surprehendidos pelo som maravilhoso da banda banda musical União Democrata, que num momento espontaneo de sympathia a nossa modesta folha, veio cumprimentar-nos.
Essa correcta corporação foi recebida pelo nosso companheiro dr. Durval M. Penny, que a convidou a entrar.
Executando harmoniosas peças de seu escolhido repertorio, essa banda, permaneceu por longo tempo na nossa redacção, sendo offerecido aos executantes um copo de cerveja e doces.
Agradecendo essa gentileza da popular e velha banda Democrata, falou o nosso esforçado companheiro de redacção sr. Alvaro Campos, que em breves palavras enaltera, com justiça a disciplina e correcção dessa philarmonica.
Respondendo, usou a palavra o sr. Serafim Rolledo, que foi como regente da mesma.
Após essa cerimnia, retirou-se essa sympathica banda, deixando nos presentes a mais agradavel impressão.
Somos gratos, a essa gentileza da afinada e popular corporação musical, tão apreciada em nosso meio social.
–De um cavalheiro, que deseja occultar seu nome recebemos um bem preparado pão monstro, recheado com saborosa linguiça, que foi servido aos presentes á nossa festa, sendo muito elogiado o esmero da manipulação.
– Esteve, tambem, presente á nossa commemoração a afinada orchestra 20 de março, que obedece á batuta do sr. Carlos Oleatzki, cuja deferencia agradecemos sinceramente.
– A nossa edição, foi deveras admirada por todos, recebendo elogiosa referência a parte annunciativa, a cargo do intelligente artista graphico sr. João Carvalho, velho esforçado auxiliar das nossas officinas.
–E na mais agradavel cordialidade, terminou a nossa festa, que gratas recordações nos deixou.
A nossa folha agradece penhorada, essa demontração de sympathia de que foi alvo, ao commercio, aos srs. que enviaram cumprimentos pessoaes, cartões e presentes e ás exmas. senhorinhas e senhoras, que nos remetteram doces e licores, como festa.