A ALVORADA
Nosso Cinquentenário
Um rápido histórico d’A Alvorada – A sua nova fase
Os sacrifícios enfrentados — Merecidas homenagens
Uma data significativa
50 anos de lutas
… cinquenta anos, na efeméride de hoje, surgia à luz do estimo pelotense, o primeiro número d’ “A Alvorada”.
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Nas longas horas vagas da noites enquanto todos repousavam … reparador, descansando … ..aligos do dia – Juvenal Penny auxiliada na sua primeira época, por Antolim Moreira…, abandonado o descantos-… empregavam-se até altas horas na confecção deste semanário tal era o desejo de vender na luta travada entre dois … o capital e a boa vontade.
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… seu primeiro ano de ..cidade manteve-se nessa … que aquele estado de … qualquer esmo-… sea que ali mourejavam, convictos que estavam de vencer a batalha encetada com tanto ardor e boa vontade.
Já conquistada a primeira etapa, num esforço digno de registro, em 1908 mais um lutador apresentava-se na linha de combate – Armando Vargas – formando, assim, uma trindade trabalhando pela concretização de um ideal, cuja semente fôra lançada por idealismo de Juvenal Penny.
Mais tarde, embora com sacrifício, foram adquiridas máquinas e, então, “A Alvorada” viu realizado o seu sonho. Aí, já contando com vida própria, tornou-se mais suave a sua confecção.
Transformou-se o formato, que aumentado, facilitou o maior volume de matéria e de colaboradores.
Nessa altura passava a fazer parte da empresa o irmão do fundador sr. Durval Penny, constituida a firma Juvenal Penny & Irmão, que girou durante vários anos, quando então foi dissolvida por motivo da retirada do sr. Durval Penny, que ia entregar-se aos estudos de medicina, em cuja profissão a morte o veio surpreender.
Juvenal Penny, de 1907 a 1946, manteve-se à frente de seu jornal que ampliou, nesse longo itinerário contando com a colaboração de inúmeros escritores, sendo o mais antigo de todos, o mestre inspirado articulista sr. Rodolfo Xavier, que até hoje empunha a sua brilhante pena na defesa dos magnos problemas da colectividade.
Cansado da inglória luta da imprensa e já com uma idade que necessitava outra vida mais tranquila – Juvenal Penny resolveu fazer o ponto final na circulação do jornalzinho que criara com tanto amor, carinho e sacrifício, perdendo horas de sono e impossibilitando-o de outros afazeres, e suspendeu a sua publicação.
Circulando a 39 anos, fazendo portanto, parte do patrimônio da cidade de Pelotas a sua resolução foi recibida no seio da população com verdadeiro pesar.
Tinha, assim desaparecido o semanário que vinha na vanguarda dos mais antigos periódicos do Rio Grande do Sul!
Não perdurou por muitos meses a sua paralização.
Uma idéia surgiu para o ressurgimento de “ A Alvorada” – e esta dos srs. Rubens Lima e Carlos Torres.
Do entendimento entre o proprietário e dos citados senhores, ficou resolvida a continuação da saída do jornal, apesar de não possuir oficinas para a sua confecção pois estas haviam sido vendidos para São Paulo.
Possuindo apenas o cabeçalho, foi iniciada a sua publicação sendo seus primeiros números executados nas oficinas do “Diario Popular”, por gentilieza do então gerente o saudoso sr. Salvador Hitta Forres e a impressão nas oficinas do “ O Arauto”.
Nessa ocasião, convidado, assumia a sua secretaria, o sr. Armando Vargas, que até hoje encontra-se naquele posto.
Após alguns números executados no “Diário Popular”, passou este semanário a ser feito nas oficinas de artes gráficas dos srs. Echenique & Cia., onde se conservou por espaço de cinco anos.
Num estorço merecedor de elogios, Rubens Lima resolveu adquirir uma oficina própria, o que fez, adquirindo-a na cidade de Rio Grande.
Para esse fim construiu anexo à sua residência, uma espaçosa sala, ali instalando as suas oficinas próprias.
Procurando dar maior desenvolvimento as suas oficinas, inaugurou uma sessão de obras, executando ali todos os trabalhos concernentes à artes gráfica.
Lamentamos aqui a retirada do nosso companheiro sr. Carlos Torres, que por motivos de saúde e mesmo múltiplos afazeres, a esse gesto compelido.
Assim, hoje, comemorando o nosso cinquentenário, é razão de grande júbilo para todos quantos empregam suas atividades nos diversos setores deste semanário, alegria esta que demonstrará aos forasteiros o valor do sacrifício e da tenacidade em prol de um ideal.
Terminado, prestamos a nossa homenagem ao amigo sr. Juvenal Penny, e todos quantos cooperaram na maior difusão deste semanário, com as suas colaborações, assim com expressamos ao comércio, à indústria a aos nossos assinantes os nossos agradecimentos.
Um rápido histórico da vida de Juvenal M. Penny
Neste rápido registro, demos abaixo um breve histórico da vida do nosso amigo e fundador deste semanário sr. Juvenal M. Penny, figura de destaque nos nossos meios sociais e comerciais pelotenses :
No inicio de sua carreira foi tipografo, atividade que manteve durante vários anos, passando após a cuidar deste semanário exclusivamente.
Estudioso, Juvenal M. Penny, tornou-se um pirotécnico de valor, continuando sempre á testa da sua oficina gráfica.
Com a idade de 20 anos, em plena mocidade, após acurados estudos, Juvenal Penny, inventou o foguete de mão que sabia som flexa, hoje popular em todos os fabricantes de fogos de artificios do Brasil.
Com 22 anos, inventou o foguete que subia sem fogo, que deixou de fabricar por tornar-se muito perigoso até mesmo para viajar, sem nunca tirar patentes porque sabia que a alma de cujos foguetes estava no cano ou no tubo.
Aos 23 anos, publicou os primeiros números de “ A Alvorada”, coma finalidade de propagar a igualdade de raça, o bem estar do operário e a instrução obrigatória, com o auxílio de muitos amigos e colaboradores, conseguindo vender trÊs finalidades que se propusera entrar em luta, após 50 anos de constante batalhar.
Até ao ano de 1946 manteve em circulação este semanario, que suspendeu as suas atividades para dedicar-se exclusivamente ao fabrico de fogos e foguetes.
Hoje, Juvenal Penny, com a idade de 73 anos, encontra-se á frente de sua fábrica de fogos denominada “São Verissimo”, sendo, ainda, depositário e distribuidor nesta cidade, dos fogos “Caramurú” e de outros fabricantes de Brasil. Os seus inventos revolucionaram a indústria pirotécnica do Rio Grande do Sul, onde os seus produtos são vastamente conhecidos pelas suas excepcionais qualidades.
Eis aqui, em rápidas citações, um pouco da existencia laboriosa do venerado conterrâneo, que na data de hoje, ao completar 50 anos, o semanario que fundou e que encontrou co….s segue a sua trajetória desenrolando com altivez o programa traçado desde sua fundação, colocado na defesa de um ideal – Igualdade de raça, bem estar das classes operárias e instrução obrigatória – e mais ainda – o progresso da coletividade pelotense.
Ao Penny – o nosso abraço.
PEDACINHO
A 5 de maio de 1907, Pelotas recebia o primeiro número d’”A Alvorada”.
Semanário em formato pequeno, sem alarde, porém revolucionando o mundo feminino, através de suas humorísticas e interessantes secções.
E sabem como era confeccionado este semanário?
Nas horas vagas durante a noite!
Juvenal Penny e Antolim Moreira Junior, que empregavam sua atividade na “A Reforma”, jornal diário pertencente ao Partido Federalista, localizado á rua Felix da Cunha esquina 7 de Setembro, atualmente próprio municipal e no segundo andar o Conservatório de Música – o primeiro como proprietário e o segundo como auxiliar voluntario – lutavam para a conservação do jornalzinho!
Mais tarde, em 1908, chegava a alotas, o autor desta secção, que também foi trabalhar na “ A Reforma”, com os dois colegas acima citados.
Da rápida camaradagem surgida entre nós, fui convidado por Juvenal Penny para auxiliar na composição do seu semanário. Não hesitei e passei a ajuda-lo após o término das minhas obrigações, que se estendiam até 22 e 23 horas!
Com todo aquele sacrifício nos empregávamos a fundo na confecção do jornal que hoje completa o seu cinqüentenário.
Naquele convívio, sem visar lucros, vivi longos anos ao lado do amigo Juvenal, compondo e escrevendo minhas tolices de rapaz e procurando avançar nos ensinamentos da vida da imprensa.
Desde aquela data, com pequenas interrupções, até hoje, aqui ainda me encontro após 49 anos, no meu posto, auxiliando o jornal que ajudei a criar.
Durante esse longo periodo, colaborando, despretensiosamente, sem o titulo de JORNALISTA que me competia por lei, – aqui estou, ao lado do novo proprietário, desde 1946, d’A Alvorada, sr. Rubens Lima, emprestando os meus serviços já nos últimos quartéis da vida, toda ela consagrada ao trabalho e à familia, tendo como orgulho o meu modo de viver até hoje, sem ambição e sem pretensão de sabedoria.
Finalizando, aqui dirijo ao velho Juvenal Penny o meu sincero abraço e a minha homenagem póstuma á memória do dr. Durval Penny, Antolim Moreira Junior, Antonio Baobab, dr. Juvenal Augusto da Silva, Humberto de Freitas e tantos que emprestaram o seu concurso para engrandecimento deste semanário.
Armando Vargas
A ALVORADA
Na época em que aparece a “A Alvorada”, muitas “vovós” e “vovôs”. De hoje, brincavam naquele tempo.
A cidade era iluminada por lampeões à gaz, o transporte feito em “bondes de burrinhos”, pouco se falava em cinema e futebol.
De fase em fase, suspendendo por vezes a circulação por falta de apoio e de incentivos, reaparecendo e mantendo-se pela tenacidade objetiva de seu idealista e fundador Juvenal Penny, em diversas etapas, ei-la que se transfere para a direção e propriedade de Rubens Lima.
Nesses 49 anos, quase meio século de publicidade, em períodos diversos, apesar da indiferença de alguns, da incompreensão e da fatalidade de muitos, do negativismo da maior parte, justamente daqueles a quem servia, jamais mistificou o seu programa, desmentiu o lêma com o qual se apresentou, quer defendendo Monteiro Lopes do esbulho que se pretendia fazer, cassando-lhe o mandato de deputado por ser negro, quer contra a proibição da entrada de homens de cor e de suas famílias no Jardim Scotto da Praça Coronel Pedro Osório, nas cadeiras e camarotes do Teatro Guaraní e do Capitólio, como no Tiro de Guerra em Pelotas, que não aceitava negros e mulatos nas suas fileiras.
Quer contra a intolerância que havia entre pessoas da mesma raça, entre mulatos e pretos, nas associações recreativas onde se faziam seleções expurgando-se uns aos outros, concitando-os para que instalassem em suas sedes escolas e bibliotecas, organizassem conferências em datas nacionais ou promovessem palestras instrutivas em dias determinados, para que a juventude se interessasse em conhecer as origens e tradições de seus antepassados.
Quer declarando-se contra as “conferencias anticlericales” da Liga Operária e devolvendo-lhe ao os conceitos de “carola” e de “jesuitismo”, de “candidatos” aos postos da Guardia Nacional.
Quer promovendo a campanha da fundação de uma “Frente Negra”, nesta cidade, e atacando a incorporação da Abissínia à Itália pela prepotência, as ambições e arrogâncias de Mussolini.
Aliou-se aos trabalhadores pela reivindicação das 8 horas de trabalho, por mais de uma vez.
Participou da propaganda de uma berma numa das praças públicas, como título de gratidão ao dr. Armando Fagundes, sucessor das virtudes humanitárias do dr. Miguel Barcelos cognominado o pai da pobreza.
Manteve, pelo espaço de 10 anos diversas secções: literária – abrangendo contos, poesias, transcrições; recreativa e esportiva – bailes, festas, cinemas, futebol, carreiras; de humorismo e de críticas, sobressaindo a do “Pesquei” em que houve “casos” de polícia; das caveiras para os que se deixavam ficar em atraso, um ou dois anos sem pagar as mensalidades à 7000 rs. Cada uma; polêmicas e noticiário, e principalmente como defesa de todo aquele que fosse atingido pelo preconceito de cor dentro ou fora do país.
O que expomos aqui não é um relato histórico, porquanto nos falta competência e demanda coordenação e tempo necessário; mas, simplesmente, um punhado de memória do que vimos e observamos em todo esse espaço do tempo em que circulou.
E hoje, em sua nova fase e com novas diretrizes traçadas pelo dinamismo de seu diretor Rubens Lima, fazendo-a circular por todas as camadas sociais, no comércio e nas indústrias, entre o jornalismo de dentro e fora do Estado até em Estereja, Portugal, nós que acompanhamos em todas as fases, colaboramos em todas as suas campanhas, aqui estamos e nos regozijamos ao render-lhe nossas homenagens.
Homenagens que repartimos entre o passado e o presente – entre Juvenal Penny e Rubens Lima. Ao primeiro, fundando-a, e que sem essa fundação e a tenacidade objetiva e idealista de seu fundador a ”Alvorada” teria desaparecido; ao segundo, encaminhando-a para outros rumos, engrandecendo-a, tirando-a de uma condição pejorativa e tida por inferior para ser lida e parecida sem distinção de classes e de côres, a sua energia, capacidade e ação.
Rodolfo Xavier
50 ANOS. PÁGINA CENTRAL
O nosso cinquentenário
Um rápido histórico da vida d’AlAlvorada – A sua nova fase – Os sacrifícios enfrentados – Outras notas – Merecidas homenagens
Jubilosamente, registramos hoje, a passagem do 50º aniversário de fundação deste semanário, que é uma glória do periodismo pelotense, antiguidade alcançada pela sua atuação brilhante em prol do desenvolvimento social-ecônomico-moral da nossa terra.
A nítida compreensão de um dever a cumprir e a sua tenacidade irredutível – foram os fatores preponderantes da conservação sempre crescente deste semanário, em boa hora lançada à luz do publicista pelo sr. Juvenal Morena Penny, incansável batalhador em prol de um ideal – o progresso e a instrução, não só de uma raça, mas da própria nacionalidade – cujo programa vem desdobrando religiosamente, o que lhe tem valido os aplausos e o conceito que goza no seio da coletividade.
A imprensa, farol da verdade e do bem – embora tenha sido conduzida muitas vezes, para o terreno do mal, da calúnia, da injustiça e da desordem – coopera em todos os setores da vida humana, para a divulgação de todo o movimento universal, levando a todos os recantos à sua voz coordenadora das boas novas, traçando diretrizes a seguir na senda do progresso das nacionalidades.
O desenvolvimento da imprensa nos últimos anos, tem cooperado para o maior reatamento das relações entre os povos, sendo, portanto, o farol a espargir luz através das trevas, …sgando horizontes e levando a civilização ao coração de todos os habitantes do planeta.
“John Guttenberg, o inventor da imprensa, em 1436, ideou os tipos feitos de uma liga de chumbo e antimônio cujas experiências fez em Estrasburgo naquele tempo em companhia de Pedro Schoefler e John Fust que se associaram ao mogunt*** do imortal.
Na idade media os livros eram manuscritos, isto é, copiados a mão.
Não é difícil fazer uma idéia do tempo necessário para reproduzir as obras, e por conseguinte o preço que atingiriam estas obras. Só milionários possuíam-se bibliotecas.
No século XIV, num esforço inaudito, tentou-se melhorar aquele estado de coisas por meio da “xilografia”, escrita sobre madeira, gravando-se numa tábua uma página, passando-se tinta e aplicando sobre uma folha de papel. Difícil, moroso e caríssimo era o processo. Já no século XV empregaram-se caracteres de madeira separados e móveis, que gastavam-se muito depressa.
A Guttenberg, pois, deve-se o progresso da imprensa.
A posteridade, contudo, não foi ingrata e reconhecida, glorificou o descubridor da imprensa, a mais importante, incontestavelmente, das grandes invenções. EM todos os tempos e em todas as manifestações da atividade humana, incalculáveis tem sido os serviços prestados pela imprensa, fator poderoso da liberdade, do progresso e da civilização.
Segundo a história, a Renascença surgiu com o descobrimento da imprensa no fim do século XV até a metade do século XVI, em que se manifestou na Europa extraordinário entusiasmo pelas artes e letras.
Cabe, pois à imprensa a glória de maior fator de todo o progresso da humanidade nos seus vários setores da atividade.
X X X
Depois de uma rápida síntese do papel da imprensa, passamos a fazer um rápido histórico deste semanário na data da passagem do seu cinquentenário, data que nos enche de alegria e orgulho por tão brilhante feitoria através da sua longa luta, enfrentando barreiras para tingir à culminância a que atingiu arvorando a bandeira da glória.
“A Alvorada”, hoje o mais velho semanário pelotense, que tem sempre se mantido no campo da luta árdua da publicidade, é o atestado inconteste do espírito dinâmico de sr. Juvenal Penny, – figura de relevo no seio da nossa sociedade, pelo seu caráter honrado e incentivador, cooperando no progresso da arte e da indústria da Princesa do Sul.
Nunca se deixou desanimar pelas dificuldades encontradas na estrada espinhosa da luta da imprensa, um dos ramos de negócio que tropeça com os maiores obstáculos, apesar de ser um dos grandes faróis a esparcir luz às inteligencias tacanhas, ainda não bem compreendida no seio da humanidade, um produto talvez da própria Natureza.
O jubiloso dia de hoje, que está assinalando a passagem do 50º aniversário da “A Alvorada” é para todos os que aqui mourejam motivo de muita satisfação que levará ao coração do velho amigo Juvenal Penny as mais gratas recordações dos tempos que já se distanciam e só saudades deixam eternamente.
Este semanário, (passamos aqui ao seu rápido histórico), foi fundado em 5 de maio de 1907 por Juvenal M. Penny, tendo depois passado a fazer parte a firma de seu irmão sr. Durval M. Penny, girando sob a razão social de Durval Penny & Irmão.
Em seu número 2 de 12 de maio de 1907, aparecia no cabeço de “A Alvorada”, os nomes de Durval Penny como diretor e Antolim Moreira Junior como redator.
E assim circulou vários anos, quando então retirou-se a firma o sr. Durval Penny, que devido aos seus estudos médicos foi obrigado a abandonar o seu cargo, passando à exclusiva propriedade ao sr. Juvenal M. Penny.
Em 12 de julho de 1908, assumia a redação deste semanário o sr. Armando Vargas, atual secretário da hoje “A Alvorada”.
Como já é do domínio público este semanário teve seu início numa época cheia de dificuldades pois apenas possuía algumas caixas de tipos, e nenhuma máquina de impressão, sendo que a sua composição era feita nas horas vegas durante a noite, trabalho este executado por seu proprietário auxiliado por Antolim Moreira Junior e Armando Vargas.
A sua impressão era feita na hoje extinta oficina do “O Arauto”, de propriedade do saudoso sr. José Veríssimos Alves & Filhos, Como se vê uma luta dolorosa mas que foi vencida graças a tenacidade do sr. Juvenal Penny.
Não sem grandes dificuldades a situação foi sendo dominada e Penny adquiriu uma maquina impressora, que veio assim facilitar o serviço, cessando assim o sacrificio.
Durante 39 anos este semanário obedeceu a direção exclusiva do sr. Juvenal Penny, que por seu esforço e boa vontade lhe imprimia uma nova feição com o fim de melhor apresentação no cenário da imprensa pelotense.
Contava como seus eficientes auxiliares intelectualidade como tenente dr. Juvenal Augusto da Silva, Antolim Moreira Junior, Pedro Domingues, Antonio L. Campos, Juvenal da S. Reggio e Antonio Baobad.
Também prestou relevantes serviços a este periódico o saudoso sr. Pedro Fuchs, considerado um grande protetor.
Emprestaram o fulgor de suas inteligencias às coluna de “A Alvorada”, os srs. Rodolfo Xavier, que até hoje encontra-se entre nós como o mais antigo colaborador; Antolim Moreira Junio, Alvaro Campos, Humberto H. De Freitas, Avelino Machado Lopes, J. T. Tavares, Miguel F. Da Silva (F. Zélio). Fernando Gazi, Manoel Jorge Gonçalves e tantos outros vultos que brilham e brilharam no mundo das letras.
Em 1946, Juvenal Penny, já cansado da luta da imprensa, resolveu ensarilhar armas, e com esse propósito suspendia a circulação do velho semanário causando uma grande surpresa no seio do jornalismo pelotense.
Ressentindo-se da falta do querido semanário, tão útil ao progresso citadino, surgiu a idéia da sua circulação, estando à frente da mesma os srs. Rubens Lima e Carlos Torres, que convidaram para integrar a comissão o atual secretário de redação sr. Armando Vargas.
Em entendimento com o sr. Juvenal Penny obtiveram a condesão do título de “A Alvorada”, que voltou a circular em 1946, sob direção da comissão acima.
Nessa segunda fase, este semanário teve seu inicio nas oficinas do nosso colega “Diário Popular” por gentileza do então gerente o saudoso sr. Salvador Hitta Porres, sendo que a impressão era feita nas oficinas do “O Arauto”.
A seguir, foi transferida a sua confecção nas oficinas de artes gráficas dos srs. Echenique & Cia., onde permaneceu por espaço de cinco anos.
Por um esforço dinâmico do sr. Rubens Lima foi adquirida na cidade de Rio Grande, material e maquinarias para a instalação das oficinas próprias deste semanário.
Para esse fim foi construído um edificio nos fundos da residencia do sr. Rubens Lima, sendo ali instaladas as oficinas próprias deste periodico.
Já aprestando um coco aspecto, com seu formato de 6 colunas, … semanário mais alto se colocou no terreno da imprensa pelotense e do Estado, contando com um bom corpo de colaboradores e conquistando o maior conceito do comércio e da indústria desta cidade, o que muito cooperou para o maior progresso e prosperidade da empresa, tendo aumentado o seu número de assinantes.
Cinquenta anos, portanto, de lutas em prol do desenvolvimento cultural pelotense e do progresso em todos os seus setores de atividade:
Ultimamente foi anexada ao jornal uma bem montada oficina de obras, executando todo e qualquer trabalho concernente á arte gráfica, sob a direção de competente artista sr. Belarmino mota, um artista dinâmico e esforçado no cumprimento dos seus deveres.
Quanto ao dinamismo do seu diretor-proprietário sr. Rubens Lima, é digno de elogios, e que graças a isso, este semanário alcançou a culminância em que se encontra, fazendo parte das grandes oficinas gráficas desta cidade.
Não encerrarei estas notas, sem primeiro render uma homenagem ao velho amigo e fundador sr. Juvenal Penny e assim como á memória do dr. Durval Penny e Antolim Moreira Junior, iniciadores deste semanário, pela obra grandiosa que deixaram e perpetuar seus nomes.
Nesta página, mui merecidamente prestamos a nossa homenagem admirativa a todos os companheiros que de qualquer forma cooperaram para o progresso deste semanário, homenagem esta que equivale ao nosso agradecimento sincero por tudo quanto fizeram, inclusive o incentivo que nos proporcionaram para enfrentarmos desassombradamennte todos os obstáculos que sempre surgem na estrada de toda e qualquer iniciativa.
Ao comércio, á industria, aos assinantes e colaboradores, também, aqui ficam os nossos melhores agradecimentos.
X X X
ARMANDO VARGAS, o mais antigo artista-gráfico de Pelotas, que desde 1908 vem colaborando neste semanário, sendo que no seu posto se conservou até 1946, quando na segunda fase entrou a fazer parte da redação como secretário até a data presente.
SILVESTRE LIMA, um amigo e dedicado auxiliar diste semanário, ao qual vem prestando de longa data os seus mais assinalados préstimos.
SADY MAURENTE DE AZEVEDO, inspirado poeta e correspondente deste semanário no Rio de Janeiro.
FRANCISCO FREITAS, nosso amigo e dedicado auxiliar deste semanário, colaborador e cobrador, a quem deve assinalados serviços.
RUBENS LIMA, que na segunda fase deste semanário assumiu a sua direção e quem deve o crescente progresso do mesmo adquirindo oficina própria para o seu funcionamento, provando o seu dinamismo e o interesse pelo desenvolvimento em todos os setores de atividade.
JUVENAL MORENO PENNY, fundador deste semanário, o qual dirigiu inteligentemente até 1946, após uma longa jornada de 39 anos, em cuja luta, árdua e de sacrifícios, venceu pela sua tenacidade e fôrça de vontade.
DR. DURVAL MORENO PENNY, *** médico conterrâneo e um dos fundadores d’A Alvorada, que na sua mocidade formou ao lado das mais esca****** inteligências pelotenses.
RODOLFO XAVIER, o decano dos colaboradores dêste semanário, cuja inteligência vem evidenciando desde o início da circulação deste semanário em 1907, cuajas produções, até esta data, ilustram as suas páginas, sendo um dos mais admirados articulistas da atualidade.
ANTONIO F. MORAES, nosso dedicado e talentoso companheiro de redação, cujas produções literárias vem ilustrando as páginas deste semanário, além de sensacionais reportagens.
PAULO XAVIER JUNIOR, brilhante colaborador e ex-correspondente d’A Alvorada em Guaratingueta, Estado de São Paulo e ora entre nós como taquigrafo da Câmara de Vereadores.
CEZARIO DE ALMEIDA PEREIRA, um baluarte deste semanário desde o início da sua segunda fase, como impressor, sendo um grande e dedicado amigo.
BELARMINO MOTA, competente artista gráfico e chefe das oficinas de A Alvorada, à qual vem prestando há três anos os mais relevantes serviços e o progresso do semanário aniversariante.
48 anos de aniversário
A ALVORADA
O NOSSO ANIVERSÁRIO
Na data de hoje, em 5 de maio de 1907, era lançado à arena do publicista “ A Alvorada”, fundado e dirigido por um denodado pelotense sr. Juvenal M. Penny.
Seguindo uma linha reta e obedecendo a um programa impecável, este semanário, vem, desde aquela data até hoje, merecendo o apreço e a consideração da população pelotense, durante mais de uma geração.
Pequenino, devido à luta inicial, motivada pela falta de recursos, não demoveu o dinamismo do seu fundador. Que, auxiliando por uma plêiade de amigos, conservou em circulação por dilatado tempo, este semanário, uma relíquia do periodismo pelotense.
É atualmente mais antigo jornal semanário de Pelotas e talvez do Rio Grande do Sul.
Nunca fugindo das refregas; lutando, afincamento, pelo progresso citadino e pela emancipação dos descendentes da Africa heróica e distante.
Por suas colunas passaram as mais rutilantes penas, de colaboradores inteligentes e abnegados na defesa dos sagrados ideais de amparar os fracos contra a prepotência dos potentados e espesinhadores de uma raça.
Entre esses fulgurantes talentos, que emprestaram o brilho da sua inteligência à este semanário, contam-se Antonio Baobab, Antonio Domingos, Juvenal Augusto da Silva, Manoel Jorge Gonçalves, Avelino Machado, Alvaro Campos, Humberto Freitas, Antolim Moreira Junior, destacando o grande articulista e decano dos nossos colaboradores sr. Rodolfo Xavier e tantos outros que não temos em memória no momento.
Juvenal Penny, manteve este semanário até 1946, devido ao cansaço e aos seus muitos afazeres, cedeu a continuação do mesmo aos srs. Carlos Torres e Rubens Lima, tendo como seu secretário de redação o sr. Armando Vargas. Reiterando-se o sr. Carlos Torres, assumiu a direção como diretor-gerente o sr. Rubens Lima, que, pelo seu dinamismo, tem procurado elevar cada vez mais o jornal que pela sua duração já é um patrimônio de Pelotas.
Na redação, auxiliando abnegadamente o bom andamento do velho semanário, o veterano homem de imprensa Armando vargas, que desde 1908 sempre esteve na linha de frente, ao lado de Juvenal Penny, aqui está no seu posto de sacrifício hombro a hombro com Rubens Lima, com seu gênio de despretencioso, num flagrante amor ao jornal que encontrou ainda nos “coeiros”.
Assim, para todos quantos aqui labutam, a data de hoje traduz gratas reminiscências e júbilos, pois quarenta e oito anos representa uma gloriosa etapa vencidas no decorrer dessa longa jornada “ A Alvorada” tem procurado vencer a luta, colocando-se cada vez no conceito publico, graças aos conceitos emitidos; a sua desenvoltura confeccionar; a sua seriedade e o seu estado de prontidão na defesa de todos os empreendimentos que visem o progresso da Princesa do Sul.
Aqui, pois, deixamos o nosso agradecimento ao comércio, à indústria a aos nossos assinantes e colaboradores, pelos seus valiosos auxilios em prol da progressiva vida do mais antigo hebdomadário de Pelotas.
Quarenta e oito anos
Mais uma etapa gloriosa e fecunda,
Acabas de vencer…
———— ———
Antonio Baobab
– Sabes, fundamos um jornalzinho e contamos com a tua colaboração.
Quem assim nos falava em maio de 1907 e daí um mês desaparecia do role dos vivos, era Antonio Baobab, o nosso mestre duas vezes – o de leitura dos oito para os nove anos e que, depois, com mais um ano terminamos juntos na biblioteca Públicas e o chapeleiro em 1891 na Fábrica Bammam & Maia.
Eleitor do Partido Republicano em 1887, assinava-se Antonio de Oliveira, trocando-o depois por Antonio Baobab, pois costumava dizer que em geral, os pretos de origem africana, assinavam com o sobrenome de seus ex-senhores, salvo aqueles que tinham pais de outras procedências.
Amante da Liberdade a qual entre nós era tradicional, sendo o pai de nossa mãe, segundo contava – Moçambique – e que tinha andado na guerra dos Farrapos, fugindo da casa de seu senhor, com Antônio Baobab, aos 13 anos de idade, acompanhávamos os ideais da Propaganda Republicana.
Portador de um caráter ilibado e inflexível, leal e sincero fez-se por si próprio trabalhando de dia e estudando até altas horas da noite e, proibido de trabalhar alquebrado e doente lecionava para ganhar um pão para o seu sustento.
As forças exgotaramse-lhe e, recolhido ao lar de nossa velha mãe terminou os últimos dias.
Para a “Alvorada” foi uma perda irreparável que dele tinha muito esperar, já pelo seu espírito iluminado por idéias progressistas, pela sua orientação nunca desmentida, ou pela compreensão e tenacidade na defesa de seus irmãos de raça, tendo sido o orientador dos primeiros sindicatos organizados por chapeleiro em Pelotas.
No primeiro número da “Alvorada” elogiava a Benedito Lopes Duro, ex-companheiro da 1ª Diretoria de homens de cor do Asilo São Benedito.
Rendendo-lhe esta homenagem de gratidão, simples e fraternal, aqui nos curvamos diante a sua inesquecível memória.
Rodolfo Xavier
49 ANOS
Nesta data em 1907, surgia à luz da publicidade o primeiro número deste semanário.
Surgia como o reflexo de luz nas trevas, pois era uma aventura encetada numa estrada incerta, onde muitos haviam fracassado no seu prosseguimento.
Época incompreendida, recém ressurgindo do atrazo, o lançamento de um jornal dependia de muita tenacidade para vencer todos os obstáculos oriundos dessa mesma incompreensão.
Juvenal Penny, não temeu enfrentar dificuldades, e, como náufrago, debatendo-se contra o mar revolto, a procura de uma tábua de salvação, atirou-se à luta embora árdua, até vencer e atingir um porto seguro!
Desde essa data, “A Alvorada” começou a circular, auxiliada por colegas de Penny, que durante algumas horas da noite, reuniam-se para manipularem o jornalzinho que hoje entra no seu 49º ano de publicidade, conquistando o título de campeão dos semanários do Rio Grande do Sul, orgulho que dorme e dormirá no coração do seu fundador.
Daquela legião de amigos da luta inicial, ao lado de Juvenal Penny, todos ou quasi todos, já partiram para a eterna morada: Durval Penny, Antolim Moreira Junior, Antônio Baobab. dr. Juvenal A. Da Silva e Pedro Fuchs: sobrevivendo: o grande batalhador sr. Rodolfo Xavier, que desde seu primeiro número até a data presente, conserva-se no seu posto de combate.
Até 1946, “ A Alvorada” circulou sob a direção de seu fundador, que após tantos anos de lutas, resolveu suspender a sua circulação, pois lançado e atarefado com outros afazeres, não mais lhe permitiam cuidar do seu jornal, que constituías-te para ele um dos maiores prazeres de sua vida.
Lastimando o fechamento de tão tradicional componente da imprensa pelotense, um grupo de admiradores deste semanário – srs. Carlos Torres e Rubens Lima auxiliados pelo atual secretário de redação, resolveram lançado-lo em segunda fase, com o consentimento do seu velho fundador.
Assumindo, assim, a direção de “ A Alvorada”, seus novos dirigentes puzeram-se em campo, procurando elevar cada vez mais no conceito social e comercial de Pelotas o nome do popular semanário.
Lutando com a falta de oficina própria, não sem dificuldades que se iniciou a tarefa, sendo seus primeiros números confeccionados nas oficinas do “Diário popular”, “ O Arauto” e depois na Livraria Echenique & Cia., onde manteve durante mais de quatro anos.
Rubens Lima, no seu dinamismo, procurando facilitar a confeccção deste semanário, adquiriu, por compra, na cidade de Rio Grande o material e maquinarias necessárias, fazendo um prédio nos fundos de sua residência, onde foi e encontra-se instalada suas oficinas.
Dando nova feição e aumentando seu formato, “ A alvorada” conquistou como era de esperar, grande …