A ideia provavelmente foi do Antônio Baobab, aproveitando o talento do seu irmão Rodolpho e dos irmãos Durval e Juvenal Penny. Juvenal inspirado por seus amigos e com a ajuda de Antolim Moreira dedicou muitas noites para imprimir jornal A Alvorada, e no dia 05 de maio de 1907 se publicou o primeiro exemplar, impresso nas noites em que a tipografia do Arauto estava livre.
O semanário A Alvorada foi criado para ser a voz do negro em Pelotas, um órgão de luta contra a discriminação racial e em defesa do operariado pelotense. O jornal era um espaço para informar sobre as atividades culturais de interesse para os negros, que nesse momento não podiam entrar em todos os cafés e teatros da cidade, tinha também o objetivo de, através de conselhos e fofocas, indicar regras morais e de comportamento para os leitores, e ajudar a construir uma identidade negra positiva.
Na cabeceira se lê que os diretores são “Durval & Irmão”. Rodolpho é o principal articulista, uma voz racional, fundamental na história do jornal, e com um discurso que poderia ser aplicado aos nossos dias.
Os assuntos e a maneira com que Rodolpho escrevia serviam de guia e farol dentro do jornal, um espaço bastante aberto e plural, onde as vozes discordantes compartilham espaço em longas discussões publicadas em vários exemplares. O jornal publicava a sua opinião, e permitia a livre expressão de diferentes pontos de vista. Sempre manteve o seu ideal e o seu programa.
Infelizmente Antônio Baobab não pode acompanhar a longa trajetória d’A Alvorada. Baobab faleceu poucos meses depois da primeira edição, no dia 8 de julho de 1907 aos 49 anos. Foi um dia muito triste.
A Alvorada
1907-1910
Infelizmente não tive acesso aos primeiros exemplares do jornal A Alvorada. Estão disponíveis somente para consulta presencial para investigadores e historiadores na Biblioteca Pública Pelotense. É preciso marcar hora e justificar a consulta, pois são documentos muito antigos e delicados, o que impediu que fossem digitalizados, e a manipulação poderia comprometer os jornais e fazer que se perdessem para sempre.
A primeira época do jornal ainda é um mistério para mim, os primeiros exemplares que tive acesso e pude ler o seu conteúdo são de 1911 e estão disponíveis para consulta e leitura online na web da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Um dia poderei fazer essa pesquisa e estou seguro que encontrarei mais assuntos e textos interessantes que analisar. Gostaria de saber mais sobre a época, as relações familiares e os primeiros colaboradores.