Salve !
Completa hoje, mais um anno, que podemos assim dizer; é mais um grande astro aurifulgente que, perpassando como a velocidade de um raio, vem transmitir aos nossos gentis leitores a bôa nova do anniversario desta valorosa folha, que sempre se tem mantido na illesa rotina do preconceito da moral.
Sete annos, equivalente a sete seculos de incessante labutar, e cujo futuro é como um suspiro perdido nas trévas, é como um mar de desillusão, porque ao pobre, mórmente aquelle que lucta, nunca lhe é chegado, mesmo porque o grande Omnipotente, o piedoso, o complacente, não tem dó, estou convencido, das depauperadas almas que luctam, que trabalham e que por fim succumbem inanimadas ante o cataclismo desta tôrpe existencia.
A Alvorada tem fé no seu futuro, Os seus dignos proprietarios, cuja irmandade é como a santa familia da velha Jerusalem, unidos, na mesma communhão de solidariedade, combatem como uns denodados, salvando a santa causa que lhes affeiçoou esta paladina folha.
É digno que o agradeça, e faltaria a um grande dever de educação se assim não procedesse; a benevola attenção com que sabe acatar aos colaboradores da Alvorada dos nossos sonhos, o illustre e intelligente correspondente, nesta cidade o sr. Carlos Margarino, que pelo seu espirito folgazão, jovial e magnanimo muito tem cooperado para o ingrandecimento da existencia da entrepida Alvorada.
Oxalá que para o anno vindouro o signatario destas obscuras phrazes, que sempre foi um grande admirador da alta educação dos seus dignos proprietarios, torne, e assim successivamente, a saudar a valorosa Alvorada.
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Alvorada dos sonhos
Bendicta sejaes por toda a eternidade,
Ó tu que a aurora amaes
por entre o cascatear dos beijos do luar.
Ó bemdicta sejaes !
Bagé, 5 de Maio de 1912.
Moreno Bugre