Antônio Oliveira foi um destacado membro da sociedade negra da época, líder operário conscientizado, mudou o seu nome para Antônio Baobab, para reivindicar as suas origens Africanas e deixar atrás o seu passado de escravo.
Sabemos que Antônio cuidou da educação dos meninos, foi quem os alfabetizou e conseguiu o trabalho para eles no jornal Arauto.
Descendente por parte de mãe de um escravo de Moçambique, o avô dele fugiu para lutar na Guerra dos Farrapos (1835-45) buscando a liberdade nas infantarias «Pé no Chão».
Se alfabetizou quando liberto com 25 anos, pagando aulas particulares e estudando à noite no curso noturno de instrução primária da Biblioteca Pública Pelotense em 1882.
Antônio se converteu num importante líder sindical e em 1905 foi presidente da União Operaria Internacional, como representante dos chapeleiros, entre as suas reinvindicações estavam o fim do trabalho infantil, a jornada de 8 horas de trabalho e salários iguais para homens e mulheres.
Quarenta e oito anos
Mais uma etapa gloriosa e fecunda,
Acabas de vencer…
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Antonio Baobab
– Sabes, fundamos um jornalzinho e contamos com a tua colaboração.
Quem assim nos falava em maio de 1907 e daí um mês desaparecia do role dos vivos, era Antonio Baobab, o nosso mestre duas vezes – o de leitura dos oito para os nove anos e que, depois, com mais um ano terminamos juntos na biblioteca Públicas e o chapeleiro em 1891 na Fábrica Bammam & Maia.
Eleitor do Partido Republicano em 1887, assinava-se Antonio de Oliveira, trocando-o depois por Antonio Baobab, pois costumava dizer que em geral, os pretos de origem africana, assinavam com o sobrenome de seus ex-senhores, salvo aqueles que tinham pais de outras procedências.
Amante da Liberdade a qual entre nós era tradicional, sendo o pai de nossa mãe, segundo contava – Moçambique – e que tinha andado na guerra dos Farrapos, fugindo da casa de seu senhor, com Antônio Baobab, aos 13 anos de idade, acompanhávamos os ideais da Propaganda Republicana.
Portador de um caráter ilibado e inflexível, leal e sincero fez-se por si próprio trabalhando de dia e estudando até altas horas da noite e, proibido de trabalhar alquebrado e doente lecionava para ganhar um pão para o seu sustento.
As forças exgotaramse-lhe e, recolhido ao lar de nossa velha mãe terminou os últimos dias.
Para a “Alvorada” foi uma perda irreparável que dele tinha muito esperar, já pelo seu espírito iluminado por idéias progressistas, pela sua orientação nunca desmentida, ou pela compreensão e tenacidade na defesa de seus irmãos de raça, tendo sido o orientador dos primeiros sindicatos organizados por chapeleiro em Pelotas.
No primeiro número da “Alvorada” elogiava a Benedito Lopes Duro, ex-companheiro da 1ª Diretoria de homens de cor do Asilo São Benedito.
Rendendo-lhe esta homenagem de gratidão, simples e fraternal, aqui nos curvamos diante a sua inesquecível memória.