O jornal A Alvorada foi uma publicação semanal, fundado pelos meus antepassados em Pelotas. Circulou de maneira mais ou menos intermitente de 1907 até 1956. Deixou de ser publicado em alguns momentos da história do país, principalmente por motivos políticos e imposições legais. Esses foram os únicos motivos que impediram a edição semanal do “noticioso”, já que até durante a epidemia de Gripe Espanhola do princípios do século XX o jornal, ainda que com menos páginas chegou aos seus leitores.
O jornal A Alvorada foi criado como um espaço para combater toda forma de preconceito e lutar pelos direitos dos negros de Pelotas e foi um dos jornais mais longevos da imprensa negra brasileira.
Esse livro é uma tentativa de contar parte da história de lutas e conquistas dos seus protagonistas e colaboradores, através das páginas dos exemplares disponíveis para consulta online na Biblioteca Pública de Pelotas e na Biblioteca Nacional do Brasil.
Até agora somente tive acesso a uma parte dos exemplares do A Alvorada, por sorte entre os documentos disponíveis para consulta online é possível acompanhar boa parte da longa trajetória do jornal.
Não pude ver os jornais da primeira época (1907-1909), que estão disponíveis somente para consulta presencial para profissionais e investigadores na Biblioteca Pública de Pelotas. São muito antigos e podem sofrer estragos com a manipulação.
Com esse trabalho pretendo recuperar parte dessa memória para que não se perca no tempo e também para reivindicar as pessoas que trabalharam no jornal e as que saíram nas suas páginas.
A história dos negros no Brasil foi contada em grande parte pelo poder vigente, sendo mais ou menos “realista” conforme a direção política do momento, e são poucos ainda os exemplos de histórias de negros contadas por negros.
Não pretendo transformar em heróis todos os meus antepassados. Gostaria de destacar o seu trabalho, mas também aproveitar para fazer uma releitura crítica do jornal e do seu conteúdo.
Me impressiona ver que muitos dos textos políticos poderiam ser publicados hoje em dia e seguem sendo relevantes, mas também é necessário falar do papel da mulher na sociedade nesse momento e a evolução dela dentro d’A Alvorada.
Não conseguirei fazer uma releitura completa de mais de 40 anos de publicações, mas tentarei registrar os fatos, pessoas e situações que mais me chamaram a atenção. Me dediquei a ler todos os jornais que pude encontrar online, e certamente deixei escapar muitas coisas interessantes, assim que espero que este livro te anime a buscar mais informação sobre o A Alvorada e sobre a história dos negros no Brasil e no mundo.