José começou escrevendo textos com títulos chamativos, que pouco a pouco foram ocupando mais espaço, atraindo mais a atenção, e cada vez mais críticos com a sociedade negra.
Na sua coluna fixa chamada «Leia e Releia», foi onde encontrou o meio para dar forma e publicidade a Campanha Pró-Educação.
Antes de criar a campanha pela educação e instrução da raça negra ou participar da Frente Negra Pelotense, já se pode ver os sinais das ideias que ia defender com garra e valor durante toda a sua vida.
Viver é lutar é o meu texto preferido, uma carta de apresentação, onde se pode reconhecer o caráter sério e comprometido do jovem José Penny.
Em quase todos os textos sempre insiste na idéia da educação como maneira de resolver todos os problemas. Sempre preocupado em primeiro lugar pelos problemas dos negros e da pouca representação na sociedade, e muito indignado pelas ofensas e racismos publicados à diario nos meios de comunicação.
Viver é lutar
Ainda não me sinto bastante forte, para dissertar sobre tão sério assunto.
mas, através dos poucos anos que conto, tenho sofrido tantas decepções, e visto algo de impressionante na luta pela vida, que estou convencido de que tamanha batalha sé se extingue com o último pulsar do coração.
Vêde o póbre, que nasce, vive e morre, sempre lutando com mil obstáculos; mas, como tudo na vida depende do costume, ao habito se alia, e, uma vez que não lhe falte ânimo, luta com altivez e, na sua miséria, sempre acha alguma felicidade porque luta para viver.
Vêde o rico, que nasce, vive e morre no meio de todas as grandezas, que lhe proporcionam o dinheiro, mas que, nem por isso, deixa de ser um ente mortal, como todos os seus semelhantes, apenas diferençando-se destes pela fortuna, que lhe prodigaliza todas as felicidades possíveis. Ainda assim vemo-lo lutar para viver.
Vêde, ainda, no reino vegetal, mineral e animal, esta luta incessante, que tem sido assunto de tantas obras importantes, nas quais são devassados quase todos os segredos que os componentes destes tres grandiosos reinos emprégam na luta pela vida.
E todo corpo que tem vida, quer em terra, no mar e no espaço, não faz mais que lutar para viver, porque a vida é uma batalha insana, travada contra esse ou aquéle elemento que nos obsta o caminho.
Vêde, pois, como se rejubilará, com razão, todo aquêle que, neste vale de lagrimas, conseguir chegar até o final desta batalha infrene(sic), contente e feliz, e que juntamente com um sorriso diz: «Adeus, vida, pesa-me um pouco deixar-vos, mas para consolar-me, resta dizer que vos deixo sem medo, porque sempre lutei convosco e não conseguistes bater-me».
E para se poder dizer isto, não é preciso mais do que trilhar o caminho da honra e do dever, sendo um herói, aquêle que, com tão poucas palavras, se despéde desta imorredoura campanha.
Salve, pois, a memória deste herói!
José Penny
Um grande discurso sobre a importância da educação dos filhos, a semente da campanha pela educação que se transformaria o seu espaço.
Educai vossos filhos
–
Quereis que vossos filhos sejam felizes, e que futuramente não haja distinção entre brancos e pretos? Mandai-os educar convenientemente.
Não deixei vossos filhos, enquanto não chegue a idade conveniente, brincarem a solta em plena rua, longe de vossas vistas.
É brincando nas vias publicas a vontade, que êles adquirem os maus costumes e ficam alheios a uma salutar educação.
Cuidai da educação dos mesmos, tanto ou mais do que a alimentação de cada dia, pois que aquéla é um complemento desta.
Os filhos são as mais finas e valiosas joias que existem dentro de um lar, mas, para que estas joias tenham verdadeiro valor é preciso que sejam lapidadas com esmero e cuidado; logo, não vos descuideis com a educação dos mesmos, porque o prejuízo será vosso e mais tarde dêles, que dirão: Ah! se os meus pais me educassem convenientemente, hoje eu seria feliz e util aos meus semelhantes.
Não achais triste e desolador terdes um filho possuidor de tudo quanto é vicio perniciosos, e na maioria dos casos vós serdes o culpado, por haverdes descuidado a sua educação?
A educação como todos vós sabeis e é afirmada pelos grandes educacionistas, é a maior das fortunas que o homem pode possuir sobre a terra, por isso deveis formar a mentalidade de vossos filhos, com uma sólida educação moral e intelectual.
É dentro do lar que deveis, por bons exemplos e ótimos conselhos, descortinar sem fantasias aos olhos de vossos inexperientes filhos, os principios de uma admiravel educação.
Aconselhai-os e entusiasmai-os a adquirirem o gosto pelos livros «o melhor amigo do homem» e pelo estudo, enfim pelo saber, e para amanhã não sejam o sustentaculo de meia duzia de letrados sem escrupulos, que se aproveitam da ignorancia para viverem na ociosidade, engando aquéles que por descuido de seus pais não adquiriram uma instrução na altura de não se deixarem ludibriar por tal individuos.
Não os deixeis frequentar as sociedades de bailes, cinemas, campos de futebol e outros centros analogos, enquanto tiverem pouca idade, e quando o fizerem que seja na vossa compania.
Quantos ha que se perdem por frequentar tais logares quando a idade não permite, porque a sua mentalidade então em formação não pode distinguir o bem do mal.
Podeis ficar certos de enquanto não educardes vossos filhos na devida forma, haverá sempre distinção entre brancos e pretos, sendo estes os que sofrerão mais.
Esforçai-vos, fazei mesmo sacrificios, mas educai a vossa prole, que éla futuramente compreenderá melhor os seus direitos, e não se deixará enxovalhar pelos ignorantes sem valia perante os homens que sabem estar o valor dos seus semelhantes no saber e não na côr.
Os nossos pequenos de hoje educados em condições, formarão a vanguarda dos homens de valor de amanhã, e estou certo que estes constituirão uma família que em épocas não mui remotas farão o orgulho e a admiração da raça.
Eis como podeis fazer a felicidade da vossa familia e da vossa raça: educando vossos filhos, que senhores de tão salutar virtude saberão se impor com honra e brilho, e amanhã teremos homens de envergadura moral e intelectual solida, que serão admirados pelos seus semelhantes, simplesmente porque se compenetraram de que a educação é o unico caminho que destroi preconceitos e irmãna os homens.
Termino as minhas obscuras linhas, dizendo o que espero que todos digam: «Quereis terminar a distinção entre brancos e pretos? Educai vossos filhos.»
José Penny.
Preparatoriano de Engenharia.
Avante, Irmãos
–
Educação !
Palavra sublime. Poderá haver felicidade num ambiente onde não existe tão precioso tesouro ?
Oh ! mocidade de minha terra, compenetrai-vos de que só com uma sólida educação moral e intelectual poderei-vos elevar no conceito das outras raças e mesmo no da vossa !
Vêde o Japão, uma das potencias que está hoje colocada entre as mais adiantadas e cultas do mundo. Por que isto ? Simplesmente pela educação do seu pôvo.
Fazei o mesmo jovens patricios; encoraçai vossos pensamentos com as palavras «querer é poder», e (…) vos á luta com coragem ; não esmoreçais enquanto não conseguirdes o vosso objetivo.
Vós, que sois jovens, eu mui humildemente vos incito que vos arrojeis com animo no afan de vos educar.
Deixai de lado todos os prazeres superficiais que vos roubam tempo, dinheiro, saude e vos entorpece a mentalidade e ide lutar para adquirir o mais sublime dos ideais, a Educação.
Dizei-me, que ha mais lindo, imponente e admiravel do que a educação ! ?
Pensai, racional e dizei-me : qual o meio mais rapido e eficaz para que os vossos direitos sejam reconhecidos pelas outras raças ; a não ser vos elevando, apezar de inumeros sacrifícios, por uma educação moral e intelectual sadia.
Experimentai e vereis que terminar-se-ão os preconceitos de raças !
Direi que as finanças não vos ajudam ! Estais enganados, irmãos, o que não vos ajuda é a falta de vontade ; lutai com arrojo e despreendimento que tereis vossos esforços coroados de éxito.
Pensareis talvez que é bailando e namorando desordenadamente, que ides encontrar a verdadeira felicidade ? Se assim pensardes, vereis que cada vez os vossos direitos terão menos valor, e sereis velipendiados e todo momento sem que possais defender com honra e brilho.
Largai este habito de gôzos e sensações banais e atentai para o que ha de lindo e bizarro na educação do vosso «eu» !
Dizei sempre : «Eu quero, eu posso !» vereis com que alegria, um dia vossos filhos e vôs mesmos sereis reconhecidos por todos os vossos semelhantes , porque vencestes e vos tornastes digno do seu respeito e admiração.
É a vós, jovem irmão, que eu, com um fraco e pobre apêlo, vos peço que cuideis da vossa educação e a da vossa futura prole.
Não julgueis que a educação se adquire sómente nos cursos elementares, ginasias e superiores. A educação que ai recebemos não é mais do que um complemento da que nos foi ministrada no lar, ao principiar a nossa mentalidade a manifestar os prenuncios do raciocínio.
Tomai como exemplo os grandes paises, tais como a Inglaterra, Estados Unidos da América do Norte e Japão, que devem os progressos que ora disfrutam simplesmente a esta tão sublime virtude.
Vêde amigos, como cativa, enobrece e mesmo se nos torna béla, uma pessoa possuidora de tão raro predicado !
Quem não admira e mesmo não gosta de uma pessoa bem educada.
O poder de educação é tanto, que até os mais ignorantes admiram quem a possuisse, no mais alto grau de desenvolvimento.
Tratai de possuir esta virtude que está acima de todas as cousas materiais ! Digo, acima de todas as cousas, porque éla é o pão, o bem estar, enfim a maior riqueza que o homem pode usufruir, basta não haver poder material que prive o possuidor de tão salutar bem, para que este passe a pertencer as cousas divinas.
Possuidor de tão divina virtude, vereis como cessarão estes malditos preconceitos de raças, e como tereis as portas abertas para qualquer logar onde vos dirigirdes.
Atentai bem ; nunca tereis o logar que mereceis ao lado das outras raças enquanto estiverdes imbuido do principio que só os «doutores» precisam ser educados.
Quereis ter valôr ! ? Armai-vos com a mais sublime das armas : a Educação.
Quereis ter ombridade perante vossos semelhantes ? Tratai de espalhar entre vossos irmãos, a idéa de que a educação é o maior tesouro que o homem pode possuir sobre a terra.
Quereis subir no conceito das outras raças e mesmo no da vossa ? Fundai em vez de sociedades de bailes e festas carnavalescas, sociedades que sejam o templo do saber, onde os vossos filhos debaixo da sabia educação, sejam os homens de valor de amanhã.
Fazei isto, irmãos, e vereis como todos estes preconceitos que ora nos deprimem finalizar-se-ão como por encanto.
Não quero com o que deixei dito, tornar-me conselheiro nem tão pouco revestir-me de glorias, simplesmente grafei estas desbrilhadas palavras, porque observando os progressos da humanidade, notei como todos vós talvez já tivesseis notado, que este progresso é tão somente devido a educação.
Eis porque ousei, apezar do meu escasso preparo, lançar estas palavras descoloridas, e talvez digam alguns, sem nexo, perante os vosso olhos. Se forem acolhidas, sentir-me-ei feliz, caso contrario, élas não vos agradem, peço que me perdoeis.
José Penny.
Porto Alegre, 18-9-932.
Uma coluna com um exemplo de falta de educação, e ao lado um texto do Pichilín, um grande fã do meu avô que escreve um texto aclamando a sua iniciativa da Campanha Pró-Educação.
Leia e Releia
–
Terça-feira 14.
Saio de casa, a tarde está lindíssima, o relogio marca no momento 8 e 1/2, chego na Avenida B. Gonçalves esq. Paisandú, nóto grande movimento de populares.
Interrogo um jovem que passa, este me relata em poucas palavras o triste incidente, que era do teor seguinte:
– Diversos menores, cujos pais se dedicam ao relaixamento quanto as suas educação, atacaram um póbre menino vendedor de doces, tirando-lhe a mercadoria, e jogando-a pelas paredes a maneira de bombas de pressão, enquanto outros, talvés, esfaimados, comiam sofregamente o produto roubado.
Nisto chegam os mantenedores da ordem, deitando em fuga precipitada os pequenos, mas futuramente grandes malfeitores.
Sim, crianças, que perambulam pelas vias publicas praticando tais atos, sópoderão amanhã, quando se tornarem cidadãos, praticarem crimes os mais revoltantes, dádo o habito que trazem desde a infancia.
– A quem cabe a culpa de tal?
Aos pais, lógo se dirá, e com sobeja rasão.
…
Eles, os pais, é que mereciam ir para a correção ou se internarem em algum centro, onde aprendecessem a educar os seus infelizes filhos, que por suas culpasm amanhã terão toda rasão em os maltratarem, com palavras, e em muitos casos até com castigos físicos,
Os pais, enfim, estão nas suas ocupações e muias vesês desconhecem tasi desmandos, mas as mães, estas a qeum devemos tantos beneficios, mas que de momento não podemos deixar de magoa-las.
Sim, magoa-las pelos algareamentos, falta de cuidado e desleixom que atiram o fruto de suas entranhas.
Mães, educai o producto de vossas entranhas e tereis cooperado para o engrandecimento do sólo brasileiro, quer interior como exterior.
José Penny
José Penny
–
Dos homens de dignidade, de civismo e de conciencia da grande raça de Patrocínio, Pelotas teve o prazer de hospedar, num curto espaço de tempo, uma ilustre figura, que é bem bem a expoente mentalidade do glorioso passado daquele negro que ainda hoje se encontra nas paginas brancas da historia.
Quem é esta ilustre figura?
É José Penny, o moço digno, que ama com sinceridade a nobre raça etíopica, da qual é filho.
São poucos, muito poucos os negros que sabem dar-se o valôr em que eles verdadeiramente merecem; tudo porque? Porque muitas vesês são com os proprios filhos da raça, aonde se degeneram as maiores desavenças, atos proprios de individuos da mais baixa esféra social, e que levados pela educação … que herderam de seus pais, julgam ainda terem praticado um ato que só poderia enobrecer a sua pessoa. Se assim afirmo, é porque todos os atos mais indignos de um ser humano praticar, é escolhido sempre como teatro a sociedade, aos olhos de todos, aonde muitas vesês se encontra a sua propria familia, é ali aonde eles encontram a «arena» para deprimir e envergonhar o passado triumfante de José do Patrocínio.
Sería difícil inumerar os incidentes que se têm registrado em varios salões de bailes desta terra, sempre praticados por aqueles que deveriam imprimir a ordem, o respeito e a dignidade, o bem da Familia, da Sociedade e da Patria!
Enfim, sou branco, mas bastante lastimo a sorte dessa gente.
Mas, confio plenamente em José Penny o incasavel batalhador da raça, que veio fatigado dos estudos para abrir nesta terra a grande Campanha Pró-Educação.
Sem ambição alguma transformou as colunas da simpatica e querida folha negra «A Alvorada» genuínamente instrutivo, com colaborações, «charges» e propagandas da campanha que instituiu.
Que belos trabalhos nos tem proporcionado José Penny, através da sua pena maravilhosa, inteligente e educada, tudo em pról da grande causa que é organisador e, adópta a ordem e o direito do negro.
Tenho na minha coleção todos os seus trabalhos, todas as suas obras finas, para que amanhã eu possa dizer sem medo de errar tivemos em Pelotas um verdadeiro sucessor de José do Patrocinio, que aliás se interesou gratuitamente, o que á custa de seus esforços aprendeu dar a seus irmãos, para não ver sua raça enxovalhada por quaisquer vexames.
Mas a raça etiopica da Princêsa do Sul, junto a minha pena empobrecida, lamenta neste momento o afastamento da nossa terra deste grande paldino da causa negra local.
Foi para a nossa Capital para completar os seus estudos e depois voltar mais radiante e mais satisfeito por ver-se formado numa escola tradicional do Rio Grande e por ver de outro lado a ceára espigando na terra onde a semeou.
Vai Penny!
Que nós aqui velaremos teu nome até o dia triumfal da tua chegada.
Vai, vai e confia em nosso Poderoso.
Raimundo G. Anselmi.
(Pichilín).
No texto “Pobres, Irmãos” ele dá destaque a criação do Clube Negro de Cultura Social inciativa da Frente Negra Brasileira que estava nascendo naquele momento em São Paulo.
Essa foi uma grande inspiração para o seguinte grande passo depois da Campanha Pró-Educação que foi a criação da Frente Negra Pelotense.
Leia e Releia
–
Póbres, Irmãos!
Cada vês me convenço mais, que Educação e Instrução para a maioria dos pretos pelotenses, só devem existir em palavras.
Ao mesmo tempo fico ciente de que para êles só o baile, o namoro desordenado, o alcool em grande escala, o esporte sem método, enfim, tudo o que diz respeito a futilidades e que para as pessoas instruidas está em posição secundaria, está em primeiro plano.
De momento estou alguns kilometros longe de Pelotas, minha terra mãe, mas sempre lendo este semanario, tenho observado que apezar do Carnaval já ha muito tempo ter passado e com êle a fébre de loucuras, era tempo agora de se cuidar do estudo, formação do carater, moral, etc., mas nada disto obsêrvo, a não ser fundação de Sociedades Carnavalescas, anuncios de bailes, festivais e outras «novidades», que não passam de cousas sem proveito e para lá de secundarias, nada mais vejo de notório, e comigo todos que desejarem o progresso da raça.
Enfim, aqui onde estou, apezar de vêr tanta cousa vã, tive o prazer delêr o semanario «A Voz da Raça» porta-voz da radiante e portentosa raça etiopica de São Paulo, que compreendeu estar o valor do negro não no luxo nem em cousas do mesmo nivel, mas sim na união coletiva, visando algo sublime e grandioso, qual seja a Instrução e a Educação, e isto tudo por meio da fundação da «Frente Negra Brasileira».
Tambem tive a oportunidade de lêr no «Correio do Povo» do dia 1/4/1933, orgão editado aqui em Porto Alegre, as linhas que seguem:
Clube Negro de Cultura Social
–S. PAULO, 30 (C. P.)–
Os negros paulitas se instruem. Está em pleno funcionamento o Clube Negro de Cultura Social, em sua séde social, á rua Major Quedinho n. 23.
Isto sim, são cousas que deviam ser imitadas, mas não pelos meus irmãos de raça, pelotenses, pois não acreditam em tais «bobagens», e até são capás de galhofar e escorraçar quem em tal pensar. Não me refiro a generalidade, pois se assim fizésse cairia no ridiculo.
Irmãos, José do Patrocínio Filho, Monteiro Lópes e outros da mesma envergadura, que têm visitado Pelotas, e com isso os seus irmãos de raça, disseram: «Estudai, educai-vos e tudo conseguireis».
– Seguiram este conselho?
– Até hoje não!
–Qual tem sido o resultado?
–Cada dia que passa, a maioria do negro pelotense tem menos valor, pois nestes 44 anos de emancipação, só cuidaram daquilo que deviam desprezar, e desprezaram aquilo que deviam cuidar com zelo, carinho, abnegação e patriotismo: Educação de si proprio, pois que não conheciam quase nada; de sua próle e assim por deante, para evitarem o que ontem, hoje e enquanto durarem o mesmo estado de cousas ha de se vêr, o desprestigio e aniquilamento desta grandiosa e radiante raça, da qual faço parte integrante, mas ao tempo que me ufano com isto, chóro lagrimas de tristezas, por vês tamanho cataclisma assolando os meus irmãos, e indo mais longe, os membros da minha familia.
Salve, José do Patrocínio e tantos outros que tudo fizéram pelo engrandecimento désta raça a quem pertenceu o inesquecível Rebouças, Salve!
José Penny.