A presença da mulher n’A Alvorada nos primeiros tempos era bastante limitada. Apareciam nas Notas Sociais e nos textos e poemas românticos, e quase nenhum texto assinado por elas.
Uma das primeiras iniciativas do jornal para incorporar as mulheres foi criar o concurso de Miss Alvorada. A ideia era valorizar a mulher, atrair novas leitoras e animar a festa de carnaval, e a autoestima do povo negro.
É curioso que as vencedoras e participantes, no início, eram em geral crianças, ou pelo menos na foto não parecem ter mais de 12 anos.
O concurso foi bastante popular e se repetiu por muitos anos, mas não esteve livre de polêmicas.
Alguns leitores escreveram cartas e manifestaram o seu mal estar em ver tantas fotos de senhorinhas nas páginas d’A Alvorada.
Numa nota muito curiosa publicada e assinada pelo sr. Juvenal Penny e titulada “A ignorância é mãe de todos os vícios” ele conta que naquela edição, devido às queixas e reclamações deixaram de publicar muitos retratos de senhorinhas, pois haviam pais e parentes que não estavam de acordo e achavam que não ficava bem.
A linha entre o moralmente correto e incorreto se estava desenhando na sociedade, e nem todas as ideias eram bem recebidas.
Mas com o tempo, não só se publicaram mais fotos, como também o discurso mudou e a mulher foi conquistando o seu espaço e isso ficou marcado nas páginas do jornal.