Textos Juvenal Penny

Textos Juvenal Penny
13/03/2024 Jorge
Juvenal M. Penny

Juvenal deixou ao largo do tempo uma série de textos pessoais nas páginas da Alvorada, eram textos políticos, reivindicativos e sociais.

Um dos mais importantes, no meu ponto de vista, é o titulado “Entusiasmando” em que faz um chamado à juventude para que busque o conhecimento como forma de romper as barreiras da pobreza e da ignorância. Toda uma declaração de princípios.

Entusiasmando

É a vós, mocidade gloriosa, que venho hoje a me dirigir, «falando mais com o coração que com os lábios».

Sim; é a vós, mocidade pelotense, que venho hoje entoar, alegremente, um hino de excitamento, graças a feliz iniciativa da «A Alvorada» em procurar com que todos os filhos desse abençoado pedaço de terra brasileira, desta fidalga e formosa Princêsa do Sul, iniciem um cômbate decisivo, uma campanha sem tréguas, contra o malfadado analfabetismo que reina no espírito dos nossos irmãos camponezes!

Nesta época de crise financeira, por que todos nós atravessamos, mais do que nunca precisamos tanto de instrução!

E porque? Certo, perguntarás caro leitor e a voz da razão farse-á ouvir serena e magestosa.

A luta da vida pela vida, ai está: imensa, terrível, desesperadora!

Quantos braços, acostumados, outrora, ao bem estar, se estendem hoje á caridade, implorando tristemente, uma migalhinha de pão!

Quantos olhos erguidos para o céu, esperam de Deus, como última esmola, esmola bemfaseja.
– A MORTE!

Quantos corpos, caem diariamente, extenuados de fadiga, á superficie plana da terra!

E a causa de tudo isso por ventura não será a fome?…

Sim; é ela, a devoradôra, a desditosa, a desgraçada, a miseravel fome, que vem destroçar uma por uma, as rosas da nossa mocidade; que vem cobrir de lodo toda a brancura da nossa alma; que vem destruir, por terra, os nossos sonhos, as nossas aspirações!

Não, mocidade da minha terra, atentai bem o que disse algures um ilustre mestre: «Onde existe cultura é rarissimo penetrar a fome».

E eu vos suplico: socorrei os incautos, os ignorantes, os pobres de inteligencia, e dá lhes conforto necessario, estendei-lhes um livro, que eles não hão de recusar, e ensinai-lhes a palmilhar sempre e sempre a estrada do bem e da virtude.

Assim cumprindo, tereis honrado não só o Rio Grande do Sul, como tambem, a nossa excelsa e amada Patria Brasileira.

«Ita esperatur»

JULIEVAL

Procura estudar, é nos livros que vais aprender a educar-te e a instruir-te, deixando de seres quasi imprestável.

 

Calúnia

Juvenal escreve sobre a calúnia poucas edições depois, nesse caso parece que a calúnia é contra o próprio Juvenal, que não poupa adjetivos para desqualificar o caluniador.

 

A CALUMNIA

Dedicado a certas pessoas que têm o desbrilho de se envolver com minha vida e calumniar-me

Como a exalação pestilenta de um pantano mephitico, é o erocitar lúgubre e perverso da calumnia.

Conspurca a pureza do coração, enodôo a brancura d’alma, bombardeia a inflexibilidade do caracter, mancha a virtude do lar e arrasta no lodo aviltante o nome ilibado dos puros, dos bons, dos justos.

Toma a lama dos charcos, o lado dos paues, o carnegão dos furúnculos, o humor das opúsculos, a imundície dos monturos e o veneno das víboras; juntas, aglutinar, amassar todas essas podridões e tereis formado esse cancro, essa hiena, esse monstro – o calumniador.

Juvenal Moreno Penny

Ext. – Pelotas, 1–8–1913.

 

Ofensas

Os ataques e ofensas também eram publicados em outros jornais, nesse caso vemos a resposta no A Alvorada às ofensas escritas no diário a Voz do Povo. Entende-se que criticavam um texto publicado na seção livre da Alvorada, que como já disse antes não costumava censurar os textos, ao contrário, animava o debate aberto e franco.

Respingo

Não poderiamos por mais que pesquizassemos encontrar uma outra palavra que, podesse empregar ao ignaro que, desconhecendo o nosso programma, atacou-nos, em um artigo A verdade. Respigações, em o numero proximo passado, pelas columnas da Voz do Povo, por uma declaração em nosso semanario, sahida em secção livre.

Se o Sr. acha pouco escrupulo termos aceitado tal declaração, para secção livre, nós podemos afirmar-vos que, nós podemos afrimar-vos que, nos horripilamos de vermos vosso palanfrorio, enconberto no manto vil do anonymato.

Dizpa essa mascara e estaremos promptos para reagir-mos, esse desencadeamento de asneiras, cabivel só num cerebro atrophiado.

Convencei vos, que diante de nosso programma, não serà com vossas Respigações que nossa penna enfraquecerá.

Os Proprietarios.